© Adriana Morais

Ana Margarida de Carvalho

BIO (3.ª pessoa)

Ana Margarida de Carvalho nasceu em Lisboa, onde se licenciou em Direito e exerceu jornalismo durante 25 anos. Ocupou múltiplos cargos, desde editora a Grande-Repórter, também em televisão e online. Assinou crónicas e crítica cinematográfica. Foi jurada em vários concursos literários e cinematográficos, autora convidada frequente em festivais, nacionais e internacionais. Orientou oficinas de escrita. As suas reportagens valeram-lhe prestigiados prémios jornalísticos. É autora de guiões cinematográficos, de uma peça de teatro (Condomínio Fechado) e de um livro infantil (A Arca do É). O seu romance de estreia Que Importa a Fúria do Mar (Teorema), recebeu o elogio da crítica, foi finalista de vários prémios e conquistou por unanimidade o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2013. Neste romance, separados pelo tempo, pelo espaço, pelos continentes, pela malária e pelo arame farpado, os destinos de Joaquim, ex-operário da revolta da Marinha Grande e sobrevivente do Campo de Concentração do Tarrafal, e a jornalista Eugénia tocar-se-ão no pêlo de um gato sem nome e na estranha cumplicidade com que partilham memórias insólitas, infâncias sombrias, várias fúrias, coletivas ou pessoais, e amores impossíveis. O segundo romance, Não Se Pode Morar nos Olhos de um Gato, foi nomeado Melhor Livro do Ano pela SPA, finalista do prémio Oceanos, venceu o Prémio Literário Manuel de Boaventura e, de novo, o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2016, entrando assim no grupo restrito de autores portugueses duplamente  distinguidos. Neste romance, alguns náufragos atingem uma praia intermitente, que desaparece na maré cheia, no Brasil. Todos são vencedores na morte, perdedores na vida. Afinal, não estão sós naquele cárcere, com penhascos enquanto sentinelas, cercados de infinitos, o céu e o oceano. Trazem com eles todos os seus remorsos e fantasmas. E mais difícil do que escaparem será ultrapassarem os preconceitos: de raça, de classe social, de género, de credo. Para sobreviverem terão de se transformar num monstro funcional com muitos braços e cabeças; serão tanto mais deuses de si próprios quanto mais se tornarem humanos e conseguirem colocar-se na pele do outro. Pequenos Delírios Domésticos (Relógio d’Água, 2017), coletânea de contos, é o seu mais recente livro, e ao longo dos textos, todos formalmente diferentes, se vai encontrando como traço de união o tema da casa, da saudade, do regresso, da família. Encontra-se a escrever o seu terceiro romance, ao abrigo de um programa de atribuição de bolsas literárias do estado português.

BIO (1.ª pessoa)

Faço parte do clube dos que acreditam que a palavra tem a valência de mil imagens. Faço parte do clube que considera que a ficção não é um refúgio. Pelo contrário, a realidade é que é um refúgio para quem não tem imaginação. Como diria o poeta Carlos Queirós, em forma de oração: «Livrai-me também /De quem me detém /E graça não tem, /E mais de quem não/ Possui nem um grão/ De imaginação». Durante 25 anos fui jornalista, levei o jornalismo demasiado a sério, quando ele não queria ser levado a sério. Embora tenha tido sempre um pé na ficção, através dos guiões de cinema que escrevi, das crónicas e das críticas cinematográficas, comecei a escrever tarde. Talvez demasiado tarde. Dois romances, um livro infantil, um livro de contos, um novo romance a caminho… Continuo a gostar de escrever sobre sítios onde nunca estive, em continentes que não me pertencem, em tempos que nunca vivi, em perspetivas masculinas, de gente do campo, sendo mulher e citadina. Prefiro escrever sobre o que nada sei, e conseguir a assombrar-me com o que de mais banal existe na vida. E também encontrar o que não conhecia de mim nas leituras que faço. Penso que se trata de uma forma de consolidar a rutura com a realidade. Sempre acreditando que, como dizia Saramago, o caos é uma ordem por decifrar.

Ver nome do convidado na programação

18:00H | Leitura por Ana Margarida de Carvalho

Programa Literário Dia 30 novembro

Pavilhão de Portugal | Leitura |

Convidado: Ana Margarida de Carvalho
Moderação: Luísa Mellid Franco

(ver+)
A força de um texto na respiração, tempo e voz de Ana Margarida de Carvalho
Faço parte do clube dos que acreditam que a palavra tem a valência de mil imagens. Faço parte do clube que considera que a ficção não é um refúgio. Pelo contrário, a realidade é que é um refúgio para quem não tem imaginação. Como diria o poeta Carlos Queirós, em forma de oração: «Livrai-me também /De quem me detém /E graça não tem, /E mais de quem não/ Possui nem um grão/ De imaginação». Durante 25 anos fui jornalista, levei o jornalismo demasiado a sério, quando ele não queria ser levado a sério. Embora tenha tido sempre um pé na ficção, através dos guiões de cinema que escrevi, das crónicas e das críticas cinematográficas, comecei a escrever tarde. Talvez demasiado tarde. Dois romances, um livro infantil, um livro de contos, um novo romance a caminho… Continuo a gostar de escrever sobre sítios onde nunca estive, em continentes que não me pertencem, em tempos que nunca vivi, em perspetivas masculinas, de gente do campo, sendo mulher e citadina. Prefiro escrever sobre o que nada sei, e conseguir a assombrar-me com o que de mais banal existe na vida. E também encontrar o que não conhecia de mim nas leituras que faço. Penso que se trata de uma forma de consolidar a rutura com a realidade. Sempre acreditando que, como dizia Saramago, o caos é uma ordem por decifrar.



13:00H | E o vencedor é…, o papel dos prémios literários

Programa Literário 1 Dezembro

Pavilhão de Portugal | Conversa

Convidados: Ana Margarida de Carvalho / João Tordo

Moderação:

(ver+)
Fala-se de prémios literários e uma onda de perguntas, e suspeições, surge na cabeça de vencedores, preteridos e de quem está a assistir. O que podem os prémios fazer pela carreira de um escritor e o que significam? Serão os prémios uma questão de qualidade ou popularidade? Escreve-se para ser lido, para vender livros ou para ganhar prémios? É possível conciliar todos os prismas? Quem fica de fora é tão bom como o vencedor? Dependerá a vitória do júri, da atualidade política e social, dos humores e amores de quem decide? Ao longo de cerca de uma hora, o vencedor do prémio José Saramago pelo romance As três vidas, e Ana Margarida Carvalho, vencedora por duas vezes do Grande Prémio de Romance e Novela Associação Portuguesa de Escritores, dão-nos a sua perspetiva, sem deixar de falar do seu caso particular.