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João Botelho

BIO (3.ª pessoa)

Com 40 anos de prática cinematográfica e 32 filmes já realizados, João Botelho é o cineasta português no ativo com a filmografia mais vasta.  Em 2014 em Os Maias, adaptação da magistral obra de Eça de Queirós, foi o filme português mais visto desse ano no país, percorreu festivais de cinema da Europa e América Latina, estreou comercialmente no Brasil em 2016 e teve uma digressão por várias cidades norte-americanas. Em 2010, o prestigiado realizador tinha já adaptado ao cinema Fernando Pessoa com o Filme do Desassossego, igualmente sucesso de bilheteira em Portugal e presença em vários festivais internacionais. Ao longo da sua vida teve filmes presentes nos festivais de Cannes, Veneza, Roma, Antuérpia, Rio de Janeiro, Berlim, Salsomaggiore, Pesaro, Belfort, Cartagena, etc. e foi premiado em vários deles. As suas longas-metragens tiveram exibição comercial em Portugal, quase todas em França e algumas no Brasil, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e Japão. Em 2005 foi agraciado pelo Presidente da República Jorge Sampaio com a prestigiada Ordem do Infante D. Henrique (Grau de Comendador), uma das mais altas honras portuguesas. Amigo pessoal e profundo admirador da obra de Manoel de Oliveira, dedicou-lhe O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, um documentário-ficção que percorre o coração dos seus filmes e «o muito do que dele aprendi, o muito do que ele inventou». O ano passado, 2017, estreou no cinema Peregrinação, uma espécie de livro de viagens musical a partir da obra notável do navegador aventureiro do Séc. XVI, Fernão Mendes Pinto.

João Botelho, nascido em 1949 em Lamego, foi quase engenheiro mecânico e, durante muitos anos, como artista gráfico, ilustrou livros de crianças, fez cartazes e catálogos para a Fundação Gulbenkian e para a Cinemateca Portuguesa e centenas de capas de livros  para várias editoras.

Principais filmes: 2019| O Ano da Morte de Ricardo Reis (em preparação), 2017|  Peregrinação, 2016 |  O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, 2014 | A Arte da Luz tem 20.000 anos, 2014 | Os Maias, 2012 | Anquanto la Lhéngua fur Cantada, 2010 | O Filme do Desassossego, 2008 | A Corte do Norte, 2005 | O Fatalista,

2003 | A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América, 2001 | Quem és tu?, 1998 | Tráfico, 1994 | Três Palmeiras, 1993 | Aqui na Terra, 1987 | Tempos Difíceis, 1985 | Um Adeus Português, 1980 | Conversa Acabada.

 

BIO (1.ª pessoa)

Nasci (cito Dickens). Em Lamego, por acaso, em 1949. Frio e morte. Eu ia para a escola primária de sapatos, filho de professor. Os outros andavam na neve com os pés envoltos em trapos. Órfão de mãe aos 6 anos, o meu irmão e ídolo morreu com 19. Piloto de jatos, o avião caiu. Silêncio e fascismo ordinário, no tempo em que os «comunistas transformavam crianças em barras de sabão». Liceu em Vila Real, um pouco mais saudável. Primeiras leituras, Condessa de Ségur, livros para raparigas, três irmãs mais velhas, e Júlio Verne. O fascismo continuava, beijar uma rapariga na rua dava multa. Bom em matemática e desenho, devia ter ido para arquitetura, mas tinha família no Porto e fui para Coimbra onde não a tinha. Aprendia-se mais fora do que dentro da universidade. Teatro no CITAC, filmes proibidos no cineclube, jazz com uns e literatura com outros. Para fugir à praxe viciei-me nas salas de cinema onde me escondia todas as noites. Catástrofe: crise de 1969, consciência política, revolução dos costumes, vida a vida! Refluxo, ressaca, «jusq’au boutisme», deixei de ir às aulas por dois anos. Porto, Faculdade de Engenharia, lutas políticas mais sérias, tipografia clandestina em casa, luta anticolonial, fuga ao exército na semi-clandestinidade. Ganhar a vida: capas de livros e ilustração para crianças. 25 de Abril de 1974, 2.ª catástrofe: dava aulas em Matosinhos, o único emprego que tive na minha vida, faltavam-me duas cadeiras para acabar engenharia, fugi para a Escola de Cinema de Lisboa um pouco tarde, mas bem. 1974/75 foram os melhores anos da minha vida, e tenho três magníficos filhos, o António, o Francisco e a Joana. Manoel de Oliveira, meu mestre, começou a sua vertigem cinematográfica aos 70 anos com Amor de Perdição, eu ainda só tenho 69, perdido no cinema.

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16:00H | Apresentação de livro de Ricardo Araújo Pereira

Programa Literário Dia 24 novembro

Pavilhão de Portugal | Apresentação |

Convidados: Ricardo Araújo Pereira / Jerónimo Pizarro

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Ricardo Araújo Pereira nasceu em Lisboa, em 1974. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Católica, começou a sua carreira como jornalista no Jornal de Letras. É guionista desde 1998. Em 2003, com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores, formou o grupo humorístico Gato Fedorento. Escreve semanalmente na revista Visão (Portugal) e no jornal Folha de S. Paulo (Brasil) e é um dos elementos do programa da TSF/TVI24 «Governo Sombra».
Com a Tinta-da-china, publicou cinco livros de crónicas — Boca do Inferno (2007), Novas Crónicas da Boca do Inferno (Grande Prémio de Crónica APE), A Chama Imensa (2010) e Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno (2013) e Reaccionário com Dois Cês (2017) —, além de Mixórdia de Temáticas (2012) e Mixórdia de Temáticas — Série Miranda (2014), que reúnem os guiões do programa radiofónico, e um ensaio: A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar (2016, também publicado no Brasil). No Brasil está ainda publicada a coletânea de crónicas Se não entenderes eu conto de novo, pá (Tinta-da-china, 2012).
Coordena a colecção de Literatura de Humor, que integra autores como Charles Dickens, Denis Diderot e Jaroslav Hasek.
É o sócio n.º 12 049 do Sport Lisboa e Benfica.



17:30H | Literatura e cinema, quando as palavras se fazem imagens

Programa Literário 28 novembro

Salão 1 | Conversa |

Convidados: João Botelho / Lídia Jorge

Moderação:

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Um dos maiores lugares comuns nas discussões entre amigos é se uma determinada obra é melhor em livro ou no cinema. Nunca ninguém conseguirá travar esta discussão bizantina, mas há margem para conquistar novos defensores para esta afirmação: os livros e os filmes não se opõem, completam-se. Como olhará um escritor para a sua obra traduzida em celulóide? Como se lida com a materialização das personagens ou a recriação de espaços e ambientes? Lídia Jorge é um dos expoentes máximos da literatura portuguesa contemporânea e viu o seu romance Costa dos murmúrios adaptado ao cinema — como terá sido esse processo? Como se transformam palavras em imagens, como se lida com a mudança da estrutura da história? Há diálogos com argumentistas e realizadores? Ou, por outro lado, o escritor é capaz de se distanciar do processo e encarar a adaptação como uma outra coisa completamente diferente?



19:30H | Pessoa 136 vezes

Programa Literário Dia 28

Pavilhão de Portugal | Masterclass |

Convidados: Jerónimo Pizarro

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Fernando Pessoa multiplicou-se como ninguém, tal como um dramaturgo, se contarmos como alter-egos de um autor as dramatis personae de algumas peças. Mas Pessoa não foi apenas dramaturgo, e foi fora do âmbito do teatro que inventou pelo menos 136 autores fictícios. Nesta apresentação, dedicada ao prisma-Pessoa, discutir-se-á a multiplicidade da obra do escritor português e procurar-se-á, de forma sintética, dar uma visão de conjunto da mesma. Pessoa disse: «Sejamos múltiplos, mas senhores da nossa multiplicidade». E, de facto, ele próprio foi múltiplo e senhor de um «drama em gente» digno de Pirandello e de outros «senhores da nossa multiplicidade». Conhecer Pessoa começa por conhecer quem foi e quem não foi, personalizado e despersonalizado, existindo e «desexistindo», na realidade e nos sonhos, esse escritor a quem Octavio Paz chamou «el desconocido de sí mismo».