Programa Literário Dia 30 novembro
Pavilhão de Portugal | Leitura
Convidado: Ana Margarida de Carvalho
Moderação: Luísa Mellid Franco
(ver+)
A força de um texto na respiração, tempo e voz de Ana Margarida de Carvalho
Faço parte do clube dos que acreditam que a palavra tem a valência de mil imagens. Faço parte do clube que considera que a ficção não é um refúgio. Pelo contrário, a realidade é que é um refúgio para quem não tem imaginação. Como diria o poeta Carlos Queirós, em forma de oração: «Livrai-me também /De quem me detém /E graça não tem, /E mais de quem não/ Possui nem um grão/ De imaginação». Durante 25 anos fui jornalista, levei o jornalismo demasiado a sério, quando ele não queria ser levado a sério. Embora tenha tido sempre um pé na ficção, através dos guiões de cinema que escrevi, das crónicas e das críticas cinematográficas, comecei a escrever tarde. Talvez demasiado tarde. Dois romances, um livro infantil, um livro de contos, um novo romance a caminho… Continuo a gostar de escrever sobre sítios onde nunca estive, em continentes que não me pertencem, em tempos que nunca vivi, em perspetivas masculinas, de gente do campo, sendo mulher e citadina. Prefiro escrever sobre o que nada sei, e conseguir a assombrar-me com o que de mais banal existe na vida. E também encontrar o que não conhecia de mim nas leituras que faço. Penso que se trata de uma forma de consolidar a rutura com a realidade. Sempre acreditando que, como dizia Saramago, o caos é uma ordem por decifrar.
A força de um texto na respiração, tempo e voz de Ana Margarida de Carvalho
Faço parte do clube dos que acreditam que a palavra tem a valência de mil imagens. Faço parte do clube que considera que a ficção não é um refúgio. Pelo contrário, a realidade é que é um refúgio para quem não tem imaginação. Como diria o poeta Carlos Queirós, em forma de oração: «Livrai-me também /De quem me detém /E graça não tem, /E mais de quem não/ Possui nem um grão/ De imaginação». Durante 25 anos fui jornalista, levei o jornalismo demasiado a sério, quando ele não queria ser levado a sério. Embora tenha tido sempre um pé na ficção, através dos guiões de cinema que escrevi, das crónicas e das críticas cinematográficas, comecei a escrever tarde. Talvez demasiado tarde. Dois romances, um livro infantil, um livro de contos, um novo romance a caminho… Continuo a gostar de escrever sobre sítios onde nunca estive, em continentes que não me pertencem, em tempos que nunca vivi, em perspetivas masculinas, de gente do campo, sendo mulher e citadina. Prefiro escrever sobre o que nada sei, e conseguir a assombrar-me com o que de mais banal existe na vida. E também encontrar o que não conhecia de mim nas leituras que faço. Penso que se trata de uma forma de consolidar a rutura com a realidade. Sempre acreditando que, como dizia Saramago, o caos é uma ordem por decifrar.