Programa Literário Dia 1 dezembro
Pavilhão de Portugal | Leitura
Convidados: João Tordo
(ver+)
A força de um texto na respiração, tempo e voz de João Tordo.
Dizem que pertenço à «nova geração» de autores portugueses, embora tenha começado a escrever as primeiras histórias aos 6 anos — há trinta e sete anos, portanto. Sinto-me, por isso, parte de uma velha geração, daquelas que começam demasiado cedo. Durante vinte e oito anos não publiquei uma linha, embora sentisse que, um dia, podia vir a ser escritor. Aconteceu então, com o meu primeiro livro, escrito entre Londres e Nova Iorque. E o segundo, e o terceiro. Quando fiz 33 anos, essa idade célebre, recebi o Prémio José Saramago e tive o prazer de passar o dia com o único Prémio Nobel de língua portuguesa. Foi um enorme incentivo para continuar a escrever, e um dedo na ferida: algum dia eu estaria à altura de um génio? Descobri que não: que, para o resto da vida, serei apenas eu — alguém que escreve romances como respira, que traz para o mundo um mundo interior, por vezes negro, noutras vezes cheio de luz. Publiquei onze romances; este ano, O Luto de Elias Gro foi traduzido em Espanhol, bem como As Três Vidas. No meu último livro, Ensina-me a Voar Sobre os Telhados, há um japonês que quer voar e um português que quer reconciliar-se com um filho surdo. É assim a minha ficção: mistura tempos e geografias, à procura de qualquer coisa eterna e indizível. Tenho 43 anos e chamo-me João.
A força de um texto na respiração, tempo e voz de João Tordo.
Dizem que pertenço à «nova geração» de autores portugueses, embora tenha começado a escrever as primeiras histórias aos 6 anos — há trinta e sete anos, portanto. Sinto-me, por isso, parte de uma velha geração, daquelas que começam demasiado cedo. Durante vinte e oito anos não publiquei uma linha, embora sentisse que, um dia, podia vir a ser escritor. Aconteceu então, com o meu primeiro livro, escrito entre Londres e Nova Iorque. E o segundo, e o terceiro. Quando fiz 33 anos, essa idade célebre, recebi o Prémio José Saramago e tive o prazer de passar o dia com o único Prémio Nobel de língua portuguesa. Foi um enorme incentivo para continuar a escrever, e um dedo na ferida: algum dia eu estaria à altura de um génio? Descobri que não: que, para o resto da vida, serei apenas eu — alguém que escreve romances como respira, que traz para o mundo um mundo interior, por vezes negro, noutras vezes cheio de luz. Publiquei onze romances; este ano, O Luto de Elias Gro foi traduzido em Espanhol, bem como As Três Vidas. No meu último livro, Ensina-me a Voar Sobre os Telhados, há um japonês que quer voar e um português que quer reconciliar-se com um filho surdo. É assim a minha ficção: mistura tempos e geografias, à procura de qualquer coisa eterna e indizível. Tenho 43 anos e chamo-me João.