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Lídia Jorge

BIO (3.ª pessoa)

Lídia Jorge é uma escritora representativa da geração da Literatura Portuguesa surgida depois da Revolução. Tendo vivido os períodos da repressão e da Guerra Colonial, bem como os anos da integração europeia, a sua obra é fortemente marcada pelas mudanças sociais e políticas do país, a que associa uma escrita de forte acento psicológico e poético. O seu primeiro livro, publicado em 1980, Dia dos Prodígios, marcou, com outros editados no mesmo ano, uma viragem na forma de narrar na literatura portuguesa. Depois desse livro de estreia, sucederam-se outros títulos, mas seria com A Costa dos Murmúrios (1988), romance que dá eco da sua vivência da guerra em África, que Lídia Jorge se tornaria reconhecida internacionalmente. Dos romances que se seguiram, destacam-se O Vale da Paixão (1998), O Vento Assobiando nas Gruas (2002), Combateremos a Sombra (2007) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011). Em 2014 publicou Os Memoráveis, uma revisitação aos tempos da Revolução dos Cravos, considerada uma obra emblemática no género, pelo poder efabulador sobre um momento histórico recente. Já o seu último romance, Estuário (2018), um livro sobre a vulnerabilidade de uma família, interpela o sentido da civilização e do futuro.

Além de romance, Lídia Jorge tem publicado ensaio, crónica, teatro, vários volumes de contos e livros para a infância. A sua obra tem sido objeto de encenações teatrais, e o romance A Costa dos Murmúrios foi adaptado para cinema pela realizadora Margarida Cardoso em 2004. Tem recebido diversos prémios. Entre outros, o Prémio Cidade de Lisboa, o Prémio Dom Dinis, o Prémio Ficção do Pen Club, o Prémio Correntes d’Escritas, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, ou o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores Millennium BCP pelo conjunto da sua obra. Recebeu o Prémio Vergílio Ferreira e o Prémio Urbano Tavares Rodrigues na sequência da publicação de Os Memoráveis. O Prémio Jean Monet de Literatura Europeia — Escritor Europeu do Ano 2000, e a primeira edição do Prémio ALABATROS da Fundação Günter Grass, em 2006. Em 2015 foi-lhe atribuído o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura. Os seus livros encontram-se traduzidos em vinte línguas. Em língua espanhola, Lídia Jorge está publicada pelas Ediciones Alfaguara, Seix Barral, La Umbria & La Solana e Ediciones Uniandes. Em 2013, Le Magazine Littéraire incluiu-a entre as «dez grandes vozes da literatura estrangeira».

BIO (1.ª pessoa)

Nasci num dia quente do mês de Junho. O meu avô materno andava a ceifar e quando soube que a filha tinha tido uma filha, atirou a foice ao chão e disse – «Mais outra mulher». A minha avó paterna caminhou vários quilómetros para me ver. Achou-me pequena e feia. Disse – «Coitadinha. Que Deus te batize e te leve para o céu». Não lhes fiz a vontade. Não só resisti como comecei a escrever livros. Tem sido um caminho rumoroso e exaltante. Testemunhei a ditadura, a guerra colonial, a Revolução dos Cravos, os primeiros passos na democracia, a integração europeia, e por último a vacilação da Europa sobre os seus próprios pés. Dialogo com essas mudanças. Quando me pedem para me definir como escritora, digo que sou uma cronista do tempo que passa. Uma cronista que coloca os homens voando ao lado dos gafanhotos e dos pássaros. Foi assim, por exemplo, em A Costa dos Murmúrios. Eu tinha vivido os tempos da Guerra Colonial em Angola e Moçambique, entre militares portugueses, como uma espia. Mas só passados muitos anos fui capaz de escrever sobre o que vi. Ultimamente, em Os Memoráveis regressei ao tempo dos cravos para mostrar como uma revolução, com seu traço luminoso, tem sua diástole e sua sístole. Fi-lo para contrariar a frieza dos relatos oficiais que omitem os risos, os suspiros e as dores. Isto é, suprimem o essencial. Pugno por esta disciplina . A Literatura lava com lágrimas ardentes os olhos cegos da História. É para esse ofício que vivo.

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17:00H | Entrevista a Lídia Jorge

Programa Literário Dia 27 novembro

Pavilhão de Portugal | Entrevista |

Convidado: Lídia Jorge

Convidado: Pablo Raphaël

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Lídia Jorge é uma escritora representativa da geração da Literatura Portuguesa surgida depois da Revolução. Tendo vivido os períodos da repressão e da Guerra Colonial, bem como os anos da integração europeia, a sua obra é fortemente marcada pelas mudanças sociais e políticas do país, a que associa uma escrita de forte acento psicológico e poético. O seu primeiro livro, publicado em 1980, Dia dos Prodígios, marcou, com outros editados no mesmo ano, uma viragem na forma de narrar na literatura portuguesa. Depois desse livro de estreia, sucederam-se outros títulos, mas seria com A Costa dos Murmúrios (1988), romance que dá eco da sua vivência da guerra em África, que Lídia Jorge se tornaria reconhecida internacionalmente. Dos romances que se seguiram, destacam-se O Vale da Paixão (1998), O Vento Assobiando nas Gruas (2002), Combateremos a Sombra (2007) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011). Em 2014 publicou Os Memoráveis, uma revisitação aos tempos da Revolução dos Cravos, considerada uma obra emblemática no género, pelo poder efabulador sobre um momento histórico recente. Já o seu último romance, Estuário (2018), um livro sobre a vulnerabilidade de uma família, interpela o sentido da civilização e do futuro.
Além de romance, Lídia Jorge tem publicado ensaio, crónica, teatro, vários volumes de contos e livros para a infância. A sua obra tem sido objeto de encenações teatrais, e o romance A Costa dos Murmúrios foi adaptado para cinema pela realizadora Margarida Cardoso em 2004. Tem recebido diversos prémios. Entre outros, o Prémio Cidade de Lisboa, o Prémio Dom Dinis, o Prémio Ficção do Pen Club, o Prémio Correntes d’Escritas, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, ou o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores Millennium BCP pelo conjunto da sua obra. Recebeu o Prémio Vergílio Ferreira e o Prémio Urbano Tavares Rodrigues na sequência da publicação de Os Memoráveis. O Prémio Jean Monet de Literatura Europeia — Escritor Europeu do Ano 2000, e a primeira edição do Prémio ALABATROS da Fundação Günter Grass, em 2006. Em 2015 foi-lhe atribuído o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura. Os seus livros encontram-se traduzidos em vinte línguas. Em língua espanhola, Lídia Jorge está publicada pelas Ediciones Alfaguara, Seix Barral, La Umbria & La Solana e Ediciones Uniandes. Em 2013, Le Magazine Littéraire incluiu-a entre as «dez grandes vozes da literatura estrangeira».



17:30H | Literatura e cinema, quando as palavras se fazem imagens

Programa Literário 28 novembro

Salão 1 | Conversa |

Convidados: João Botelho / Lídia Jorge

Moderação: Igor Lozada

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Um dos maiores lugares comuns nas discussões entre amigos é se uma determinada obra é melhor em livro ou no cinema. Nunca ninguém conseguirá travar esta discussão bizantina, mas há margem para conquistar novos defensores para esta afirmação: os livros e os filmes não se opõem, completam-se. Como olhará um escritor para a sua obra traduzida em celulóide? Como se lida com a materialização das personagens ou a recriação de espaços e ambientes? Lídia Jorge é um dos expoentes máximos da literatura portuguesa contemporânea e viu o seu romance Costa dos murmúrios adaptado ao cinema — como terá sido esse processo? Como se transformam palavras em imagens, como se lida com a mudança da estrutura da história? Há diálogos com argumentistas e realizadores? Ou, por outro lado, o escritor é capaz de se distanciar do processo e encarar a adaptação como uma outra coisa completamente diferente?



18:30H | Do Índico ao Atlântico, uma viagem de ida e volta

Programa Literário 29 novembro

Salão 1 | Conversa |

Convidados: Isabela Figueiredo / Lídia Jorge

Moderação:

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É controversa a relação de Portugal com o seu passado e, sobretudo, com a colonização e descolonização. Por muitos atos de contrição que se façam, já ninguém reescreve a história ou corta os laços entre Portugal, Angola, Moçambique, Brasil ou Timor-Leste. Como terá a literatura lidado com este passado e com o espaço lusófono global? Na última década têm sido publicados vários romances que evocam de forma algo saudosa os tempos coloniais, mas continuam a ser raros os romances que reflitam sobre a relação de Portugal com as suas ex-colónias e as guerras de independência em África. Lídia Jorge e Isabela Figueiredo são duas autoras que escreveram sobre um tempo em que se dizia que Portugal ia de Lisboa a Timor. Lídia explora o ambiente militar em Moçambique ainda antes da descolonização. Isabela parte da sua experiência pessoal e civil para reconstruir o ambiente da colonização portuguesa em Moçambique