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Mia Couto

BIO (3.ª pessoa)

Mia Couto nasceu em 1955 na cidade da Beira, província de Sofala. Viveu nessa cidade até aos 17 anos, altura em que foi para Lourenço Marques para estudar Medicina. Interrompeu o curso em 1974 para se juntar à Frente de Libertação de Moçambique e iniciar a carreira de jornalista. Desempenhou cargos de direção em vários jornais e revistas moçambicanas. Foi diretor do jornal Notícias até 1985.

Por sua iniciativa regressou à Universidade para estudar Biologia, tendo terminado o curso em 1989. Foi professor na Universidade Eduardo Mondlane durante cinco anos. Depois formou uma empresa de estudos de impacto ambiental onde trabalha como diretor até ao momento. Como biólogo percorreu a savana e a floresta do seu país e manteve intensos e prolongados contactos com os povos e as culturais rurais de Moçambique.

Publicou mais de 30 livros que estão traduzidos e editados em outros tantos países. Os seus livros cobrem diversos géneros desde o romance, à poesia, desde os contos ao livro infantil. Recebeu dezenas de prémios na sua carreira, incluindo — por duas vezes — o Prémio Nacional de Literatura, o prémio Camões e o prémio Neustad, considerado o prémio Nobel norte-americano. O ano passado foi finalista de um dos mais prestigiados galardões internacionais, o Man Booker Prize. O seu romance Terra Sonâmbula foi considerado por um júri internacional reunido no Zimbabwe como um dos 10 melhores livros africanos do século xx. É membro da Academia Brasileira de Letras.

Em 2017 foi agraciado em Maputo com o título Doutor Honoris Causa. Desde 1987 colabora com grupos de teatro, havendo múltiplas adaptações de contos e romances para teatro e cinema tanto em Moçambique como no estrangeiro. Foi um dos criadores do primeiro grupo de teatro profissional em Moçambique, o Mutumbela Gogo.

Juntamente com os seus dois irmãos criou, em 2015, uma associação cultural, a Fundação Fernando Leite Couto, em homenagem ao seu pai, que foi um poeta de renome em Moçambique e dedicou toda a sua vida à promoção da escrita e da leitura entre os jovens moçambicanos.

É casado com a médica Patrícia Silva e tem três filhos, todos eles vivendo e trabalhando em Maputo.

BIO (1.ª pessoa)

Sou moçambicano, filho de portugueses, vivi o sistema colonial, combati pela Independência de Moçambique, vivenciei mudanças radicais do socialismo ao capitalismo, da revolução a uma guerra civil que demorou 16 anos e fez um milhão de mortos. Nasci num tempo de charneira, entre um mundo que nascia e outro que morria. Fiz-me pessoa entre uma pátria que nunca houve e outra que ainda está nascendo. A minha condição sempre foi a de criatura de fronteira. As inúmeras partes de mim exigiam um medium, um tradutor. A poesia veio em meu socorro nesse ofício de traduzir vozes, mundos e silêncios.
Fui-me fazendo nesse constante contrabando de identidades. Sou um ateu numa nação profundamente religiosa, um escritor num mundo da oralidade, um branco num país de negros, um cientista que tem crenças em outras lógicas.
Quase fui médico. E fui jornalista enquanto ia colecionando histórias e materiais para poesia. Acabei sendo um biólogo de poucas certezas e muitos espantos e encantos. A biologia é, para mim, uma narrativa que restitui a minha pertença num mundo vivo que disseram ser distante e estranho. Hoje sou parente de pessoas, mas também de árvores, pedras, bichos. Torno-me, cada dia, mais nesses outros. A minha biografia é a história de todos esses meus estranhos parentes. Esses outros que comparecem quando me pergunto quem sou.

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17:00H | Desde as duas margens de África

Programa Literário 29 novembro

Pavilhão de Portugal | Conversa

Convidados: Germano Almeida / Mia Couto

Moderação:

(ver+)
Imaginar que uma língua que é falada em quatro continentes poderia ser igual em todos eles é de uma enorme ingenuidade. Existem várias literaturas lusófonas, cada uma delas marcada por um património comum, mas declinado de diferentes formas na Europa, em África ou na América do Sul. Como é que Moçambique e Cabo Verde se apropriaram da língua portuguesa e do património literário até então construído, para edificarem as suas próprias literaturas? Já se pode, hoje, falar numa literatura moçambicana ou numa literatura cabo-verdiana? E de que características ou elementos fundadores se fazem estas literaturas? A geografia e dimensão dos próprios países condiciona a literatura? Terá Moçambique uma maior influência asiática, por partilhar o Índico? A maior proximidade a Portugal e França influenciaram de alguma forma a literatura cabo-verdiana? Como é que dois dos maiores escritores de língua portuguesa olham para estas questões?



11:00H | Entrevista a Mia Couto

Programa Literário 30 novembro

Pavilhão de Portugal | Entrevista |

Convidados: Hélia Correia

(ver+)
Uma entrevista de vida a Mia Couto, com registo informal
Mia Couto nasceu em 1955 na cidade da Beira, província de Sofala. Viveu nessa cidade até aos 17 anos, altura em que foi para Lourenço Marques para estudar Medicina. Interrompeu o curso em 1974 para se juntar à Frente de Libertação de Moçambique e iniciar a carreira de jornalista. Desempenhou cargos de direção em vários jornais e revistas moçambicanas. Foi diretor do jornal Notícias até 1985.
Por sua iniciativa regressou à Universidade para estudar Biologia, tendo terminado o curso em 1989. Foi professor na Universidade Eduardo Mondlane durante cinco anos. Depois formou uma empresa de estudos de impacto ambiental onde trabalha como diretor até ao momento. Como biólogo percorreu a savana e a floresta do seu país e manteve intensos e prolongados contactos com os povos e as culturais rurais de Moçambique.
Publicou mais de 30 livros que estão traduzidos e editados em outros tantos países. Os seus livros cobrem diversos géneros desde o romance, à poesia, desde os contos ao livro infantil. Recebeu dezenas de prémios na sua carreira, incluindo — por duas vezes — o Prémio Nacional de Literatura, o prémio Camões e o prémio Neustad, considerado o prémio Nobel norte-americano. O ano passado foi finalista de um dos mais prestigiados galardões internacionais, o Man Booker Prize. O seu romance Terra Sonâmbula foi considerado por um júri internacional reunido no Zimbabwe como um dos 10 melhores livros africanos do século xx. É membro da Academia Brasileira de Letras.
Em 2017 foi agraciado em Maputo com o título Doutor Honoris Causa. Desde 1987 colabora com grupos de teatro, havendo múltiplas adaptações de contos e romances para teatro e cinema tanto em Moçambique como no estrangeiro. Foi um dos criadores do primeiro grupo de teatro profissional em Moçambique, o Mutumbela Gogo.
Juntamente com os seus dois irmãos criou, em 2015, uma associação cultural, a Fundação Fernando Leite Couto, em homenagem ao seu pai, que foi um poeta de renome em Moçambique e dedicou toda a sua vida à promoção da escrita e da leitura entre os jovens moçambicanos.
É casado com a médica Patrícia Silva e tem três filhos, todos eles vivendo e trabalhando em Maputo.



17:30H | Todas as histórias

Programa Literário 1 Dezembro

Salão 1 | Conversa

Convidados: Mia Couto / Antonio Ortuño

Moderação:

(ver+)
Somos conscientemente enganados e abnegadamente gostamos de passar pela experiência. Uma e outra vez. Mitómanos, mentirosos, falsos, num jogo de enganos e espelhos, os escritores urdem a armadilha e nós deixamo-nos conduzir pela imaginação do escritor. Um engodo que conhecemos, e com o qual evoluímos desde o início dos tempos, e que continua a ser o motor de toda a ficção. Ao mesmo tempo há um discurso dos autores em nome de uma verdade literária, de uma autenticidade da autoria, de um regresso do quotidiano à literatura (na poesia, nos diários em forma de romance). Em que ficamos? O romance é a casa dos fingidores, ou, pelo contrário, é um espaço onde só a verdade garante uma relação forte com o leitor?
Como um monumento que se constrói ao longo de muitos anos, os escritores vão delineando, página a página, a sua teia de intrigas.