Portugal sofreu uma enorme revolução na ilustração nos últimos anos. O aparecimento de uma nova e talentosa geração de ilustradores mudou radicalmente o cenário da edição portuguesa. Tal como uma porta que se fecha com violência, esta geração, de que António Jorge Gonçalves é um dos expoentes máximos, mostrou que a ilustração pode e deve ser mais do que um complemento figurativo, para passar a ter um papel de destaque, ombro a ombro com o texto. A ilustração quebrou também limites estéticos e de linguagem, apresentando mil e uma idiossincrasias gráficas. A este movimento espontâneo junta-se ainda o surgimento de um conjunto de editoras de literatura infantojuvenil que acompanharam este corte epistemológico na ilustração. Editoras que assumiram o risco de publicar títulos graficamente desafiantes e alternativos, como Adélia Carvalho da Tcharan, o Planeta Tangerina ou a Pato Lógico. É deste encontro de vontades que se fazem algumas das melhores páginas da ilustração portuguesa.