© Raúl Ladeira

Rui Cardoso Martins

BIO (3.ª pessoa)

Rui Cardoso Martins nasceu em Portalegre em 1967 e é escritor, argumentista e cronista a tempo inteiro.

O seu primeiro romance E Se Eu Gostasse Muito de Morrer foi editado em 2006 e publicado nas línguas espanhola, inglesa e húngara. Está em curso a tradução em russo. A publicação de Deixem Passar o Homem Invisível (2009) valeu a Rui Cardoso Martins o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, distinção que arrecadaria novamente em 2016 na categoria Crónica e Dispersos Literários, com a obra Levante-se o Réu Outra Vez (2016).

Lançou ainda Se Fosse Fácil Era para os Outros (2012), considerado livro do ano por diversas publicações portuguesas, O Osso da Borboleta (2014) e Levante-se o Réu (2015), recolha de crónicas de tribunal editadas durante 17 anos no jornal Público, com as quais ganhou dois prémios Gazeta de Jornalismo. Este título e Deixem Passar o Homem Invisível fazem parte do Plano Nacional de Leitura. A crónica regressou entretanto na revista dominical Notícias Magazine.

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, foi jornalista na fundação do diário Público em 1990, jornal onde trabalhou como repórter nacional e internacional — acompanhou, entre outros acontecimentos, a guerra civil da Bósnia, as primeiras eleições livres na África do Sul ou a Missão «Paz em Timor». No México, nos anos 90, fez reportagem especial da Fiesta de Los Muertos (Ciudad de México, Oaxaca, Morelia, Janitzio e Sierra Mazateca).

Rui Cardoso Martins escreveu as peças de teatro Divisão B (1998), Duas Estrelas (2007) e Apanha-Bolas (2010), bem como, em coautoria, o livro-disco infantil e peça de teatro Bom dia Benjamim. Fez a dramaturgia da peça António e Maria, com base na obra de António Lobo Antunes.

É autor, também, de argumentos e guiões de algumas longas-metragens, tais como Em Câmara Lenta (último filme de Fernando Lopes), Duas Mulheres, A Herdade (atualmente em pós-produção) ou Zona J. Cardoso Martins é cofundador da agência Produções Fictícias, tendo, assim, participado na criação e autoria dos programas de televisão Contra-Informação, Herman Enciclopédia e Estado de Graça. O escritor é cronista convidado da rubrica radiofónica semanal O Fio da Meada da Antena 1.

Escreve, neste momento, um romance e prepara uma peça original para o Teatro Nacional Dona Maria II.

BIO (1.ª pessoa)

Sou o que se chama em português, num ramo mais manual, um «faz-tudo». Escrevo romances, contos, crónicas, reportagem, teatro, cinema, televisão, comédias e tragédias. Apesar das diferenças de código e de grau de realidade, desde que a verdade seja expressa o espírito é comum. Por exemplo, há muito que quero conhecer Guadalajara porque há vinte anos estive na Fiesta de Los Muertos (Morelia, Oaxaca, Janítzio, Sierra Mazateca) e numa praça da Ciudad de México fui cercado por centenas de mariachis disputando-me, com alguma violência, para uma canção de amor… Escrevo contra a maldade e a ignorância que estão dentro de mim. Escrevo também a favor delas, são adversários magníficos a quem foram dados muitos anos de avanço. Escrevo porque me pediram para escrever e porque me pediram para não escrever. Escrevo porque tenho muitos amigos e alguns deles são um pouco malucos. E tenho filhos e pais e irmãs e mulher. Escrevo porque viajei e vi injustiça e sofrimento. Não serve de nada escrever sobre desgraças, mas algum nada temos de fazer. Muito do sofrimento que vi é meu e português e mundial. Também faz rir, mas acredito que o humor é aprofundar, não aligeirar. Escrevo contra as pessoas parvas. E pelos vivos e pelos mortos, as pessoas vivem e de repente morrem-nos. E o mar tem peixes e os bosques pássaros e os esgotos ratos. Escrevo porque é uma profissão interessante, há de certeza melhores, mas não me calharam nem podia ser.

Ver nome do convidado na programação

17:30H | Crónica, como contar o século XXI

Programa Literário 29 novembro

Salão 1 | Conversa

Convidados: Alexandra Lucas Coelho / Rui Cardoso Martins

Moderação: Ingrid Bejerman

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É um dos géneros mais nobres do jornalismo e que seduziu grandes escritores em todo o mundo. Em Portugal, António Lobo Antunes é provavelmente o expoente máximo dos escritores seduzidos pela crónica. Mas há também muitos grandes jornalistas que encontraram na crónica e na reportagem a oficina perfeita para saltarem do jornalismo literário para o romance. Alexandra Lucas Coelho e Rui Cardoso Martins são o exemplo de grandes jornalistas que se tornaram enormes escritores. Há vários anos que Alexandra nos vai contando o mundo que trilha, seja o México de norte a sul, em Viva México, ou o Brasil, em Vai, Brasil. Rui escolheu as salas e sessões públicas de tribunal para fazer um retrato de Portugal partindo de pequenos crimes e grandes histórias. Pegando na ideia de Tolstoi («as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira»), Rui Cardoso Martins cartografa um Portugal que escapa aos meios de comunicação social de massas.



18:00H | Leitura por Rui Cardoso Martins

Programa Literário Dia 2 Dezembro

Pavilhão de Portugal | Leitura |

Convidados: Rui Cardoso Martins

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A força de um texto na respiração, tempo e voz de Rui Cardoso Martins.
Sou o que se chama em português, num ramo mais manual, um «faz-tudo». Escrevo romances, contos, crónicas, reportagem, teatro, cinema, televisão, comédias e tragédias. Apesar das diferenças de código e de grau de realidade, desde que a verdade seja expressa o espírito é comum. Por exemplo, há muito que quero conhecer Guadalajara porque há vinte anos estive na Fiesta de Los Muertos (Morelia, Oaxaca, Janítzio, Sierra Mazateca) e numa praça da Ciudad de México fui cercado por centenas de mariachis disputando-me, com alguma violência, para uma canção de amor… Escrevo contra a maldade e a ignorância que estão dentro de mim. Escrevo também a favor delas, são adversários magníficos a quem foram dados muitos anos de avanço. Escrevo porque me pediram para escrever e porque me pediram para não escrever. Escrevo porque tenho muitos amigos e alguns deles são um pouco malucos. E tenho filhos e pais e irmãs e mulher. Escrevo porque viajei e vi injustiça e sofrimento. Não serve de nada escrever sobre desgraças, mas algum nada temos de fazer. Muito do sofrimento que vi é meu e português e mundial. Também faz rir, mas acredito que o humor é aprofundar, não aligeirar. Escrevo contra as pessoas parvas. E pelos vivos e pelos mortos, as pessoas vivem e de repente morrem-nos. E o mar tem peixes e os bosques pássaros e os esgotos ratos. Escrevo porque é uma profissão interessante, há de certeza melhores, mas não me calharam nem podia ser.