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Rui Zink

BIO (3.ª pessoa)

Rui Zink (Lisboa, 1961) é autor de uma vasta e multifacetada obra, que vai do sério ao menos sério, tocando várias teclas, experiências suportes. Dois trabalhos recentes são, pelo estilo e pelo tema, exemplares: A Instalação do Medo, uma ficção política que em 2017 recebeu em França o prémio Utopiales para melhor romance fantástico estrangeiro, e O Anibaleitor, uma novela lúdica sobre o prazer da leitura que conta o encontro entre um jovem e um estranho animal que tem o saudável hábito de devorar pessoas e livros. Em ambos o humor está presente, mas se na Instalação do Medo é amiúde negro e angustia, em O Anibaleitor é afável e o sorriso nos lábios de quem lê é bonacheirão.
Livros seus estão traduzidos em alemão, bengali, francês, hebraico, inglês, japonês, servo-croata, romeno – mas, por uma razão profunda qualquer, não em espanhol.
Sobre O Anibaleitor, Micaela Ghitescu, a sua tradutora para romeno, escreveu: «Uma jóia rara sobre o prazer da leitura.» O livro integra o Plano Nacional de Leitura em Portugal, e é regularmente estudado nas escolas.
Três notas generosas sobre A Instalação do Medo:
Yvette Centeno: «(…) Rui Zink, para mim o autor do ano, descreve com um sentido do grotesco que se torna doloroso, de tão real, o que é a Instalação do Medo.  Onde o medo se instala perde-se a liberdade, perde-se a dignidade, e todos os valores que em regra são solidários com esses.»
Maria Alzira Seixo: «Um livro tremendo e sério, que só faz rir por exorcismo, o grande livro da época.»
Tamborim Zim:  «O livro desliza debaixo das nossas retinas e da nossa atenção, com uma facilidade instigante. (…) O humor que me fez rir muitas vezes, o sorriso constante e a argúcia do non-sense, o desfile das palavras num palco em que Zink me lembrou [Boris] Vian, e principalmente o medo, finamente descascado até ao seu núcleo essencial: uma fantasmagoria alienante mas vã.»
Uma mini-amostrinha: «A nossa paixão pelo medo é o segredo do nosso sucesso. E amor. Muito amor. A senhora pode não acreditar, mas nós amamos os nossos clientes. É uma questão de economia.» (p. 51);
« – Com engenho e arte, o medo chega a toda a parte.
– O mais singelo movimento torna-se virtualmente impossível.

– O medo não é realidade virtual, minha senhora.
– O medo, pouco a pouco, torna-se virtualmente a única realidade.» (p. 132)

BIO (1.ª pessoa)

Rui, la Cajeta. Um escritor fala sempre do seu tempo – nisso é muito parecido com as histórias de ficção científica. Passei a minha vida tentando fintar os rótulos, o que nem sempre é prático, num tempo de rótulos. Fiz sete livros infantis mas não sou autor para crianças. Coautorei dois romances gráficos (A arte suprema, 1997, Rei, 2007) e mais cinco livros de BD, mas o gueto ainda me olha com justificada suspeita. A Instalação do Medo ganhou em 2017 o Prémio Utopiales para melhor romance estrangeiro, mas só àquele júri ocorreu considerar aquele livro como da família do fantástico. Na verdade é uma distopia política. E escrevi romances, uns doze, e teatro, bastante, e fiz animação de rua com os Felizes da Fé (documentário disponível no YouTube, Geração Feliz). E fiz televisão. E rádio. E um romance interativo online, Os Surfistas, em 2001, quando todos os que mundo fora andávamos nisso éramos um bocado pioneiros. E tive bons mestres, mas fui um bocado Mowgli entre os lobos: aprendi a contar histórias convencionais com poetas experimentais. E agrada-me, aos 57, ser ainda chamado de enfant terrible, mas entristece-me ter fama de fazer sátira quando os meus castos livros são, como aliás o seu autor, um dulce de leche.

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17:00H | O último leitor, o futuro da literatura

Programa Literário 26 novembro

Pavilhão de Portugal | Conversa

Convidados: João de Melo / Rui Zink

Moderação: Luísa Mellid Franco

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E se no dia seguinte só restasse um leitor? A interrogação poderia ser o enredo de um dos romances destes dois narradores de mão-cheia, mas enquanto esse dia não chega, desafiamos os dois autores a falar sobre o fim dos leitores como os conhecemos, ou melhor ainda, sobre o fim dos leitores. O que aconteceria aos milhões de páginas de todas as bibliotecas do mundo se, de um dia para outro, apenas um leitor permanecesse à face da terra para as ler? E a que se dedicariam os escritores? Continuariam a escrever porque não sabem fazer mais nada ou, por outro lado, iriam reinventar-se, pois o diálogo fora interrompido? Neste debate, vamos pedir aos autores que entrem connosco nesta realidade paralela, mas ao mesmo tempo que nos digam o que deveremos fazer para que esta interrogação nunca se torne uma realidade. Afinal de contas, sem leitores, estaríamos agora em Guadalajara?



16:00H | Três autores para traduzir

Programa profissional Dia 28 novembro

Pavilhão de Portugal | Apresentação
Convidado: António Carlos Cortez / Rui Zink / Vasco Gato

 Moderador: Luis Armenta Malpica

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Se é verdade que se é tão autor quando se escreve em nome próprio, como quando se traduz, de que forma estes autores, que também são romancistas e poetas, olham para a tradução? Será que o poeta Vasco Gato tem uma relação pacífica com o tradutor Vasco Gato (e quando está a escrever, pergunta-se se aquele verso será muito difícil de traduzir)? E o professor António Carlos Cortez, que também é poeta e crítico literário, acha que um texto traduzido vale tanto com o seu original (e de que forma a crítica literária é afectada pela distinção entre original e tradução)? E o romancista Rui Zink que, já agora, até ensina os outros a escrever (é um dos grandes impulsionadores dos cursos de escrita criativa em Portugal), como olha para o texto traduzido, nomeadamente o seu?