© Vitorino Coragem

Vasco Gato

BIO (3.ª pessoa)

Vasco Gato nasceu em Lisboa, em 1978. Realizou estudos superiores em Economia e Filosofia, não tendo, no entanto, concluído nenhuma das licenciaturas. Foi selecionado na vertente de Literatura na edição de 1999 do Concurso Jovens Criadores e publicou, no ano de 2000, o seu primeiro livro de poemas, intitulado Um Mover de Mão. Seguir-se-iam outros onze livros de poesia, num trajeto feito sobretudo da descoberta de cumplicidades com diversos editores e chancelas. Fera Oculta, publicado em 2014, será porventura o seu trabalho mais representativo: cinco poemas situados no cruzamento entre os efeitos de uma crise mundial no seu país e a revolução pessoal instigada pela chegada iminente do seu primeiro filho. Em 2016, encontrando-se maioritariamente esgotados os seus livros, a Imprensa Nacional-Casa da Moeda viria a lançar a reunião da sua obra poética com o título Contra Mim Falo. Publicou ainda Daqui Ninguém Entra, peça de teatro em torno da solidão enquanto trave mestra — ou sentença — da vida contemporânea, que foi levada à cena também em 2016 no Teatro da Comuna, em Lisboa, após uma campanha bem-sucedida de crowdfunding. Profissionalmente, foi entre 2002 e 2005 corresponsável pela programação e gestão do bar do Teatro A Barraca, período em que se encarregou quinzenalmente de leituras de poesia no pequeno palco do café-teatro. Passou a dedicar-se exclusivamente à actividade de tradutor em 2007, tendo colaborado com várias editoras e traduzido autores como Charles Dickens, Bob Dylan, F. Scott Fitzgerald, Virginia Woolf, Charles Bukowski, Antonio Gamoneda, Juan Gabriel Vásquez, Andrés Neuman, Italo Svevo e Roberto Saviano.

Obra marcante no seu percurso de tradução foi A Laranja Mecânica de Anthony Burgess. Em 2016, publicou uma seleção de poemas traduzidos, resultantes de leituras e paixões pessoais, a que deu o nome de Lacre e que viria, um ano depois, a conhecer nova edição aumentada. É, desde 2017, membro da direção e responsável pela área de Literatura da centenária Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, em Lisboa.

BIO (1.ª pessoa)

Nasci em 1978 em Lisboa, cidade onde resido e trabalho presentemente. Quando iniciei a licenciatura em Economia, a sensação era já a de não estar no meu lugar. Ao cabo de um ano, a mudança para Filosofia foi inevitável e representou uma chegada a casa, bem como a confirmação de um fascínio. Contudo, a inquietude é como um signo e acabei por não concluir os estudos, tendo optado por me lançar no desafio de partilhar os destinos de um café-teatro. Publiquei em 2000 o primeiro livro de poemas, que rapidamente se transformou numa espécie de chaga que os livros seguintes nunca conseguiram sarar. Escrevo com essa necessidade de desforra. Por vezes, a melhor desforra é não escrever. A tradução tornou-se a minha atividade profissional por via da escrita e do interesse por línguas estrangeiras. Lacre, a coletânea de poemas traduzidos que publiquei em 2016, foi o corolário da paixão fundamental pela poesia e do gozo insatisfeito da tradução. Também em 2016 foi publicada a reunião de todos os poemas em nome próprio, com o título Contra Mim Falo. Revejo-me supremamente nesse título: a inquietude, o vislumbre da casa sempre além, a revisão do que se julgava conseguido.

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16:00H | Três autores para traduzir

Programa profissional Dia 28 novembro

Pavilhão de Portugal | Apresentação
Convidado: António Carlos Cortez / Rui Zink / Vasco Gato

 Moderador: Luis Armenta Malpica

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Se é verdade que se é tão autor quando se escreve em nome próprio, como quando se traduz, de que forma estes autores, que também são romancistas e poetas, olham para a tradução? Será que o poeta Vasco Gato tem uma relação pacífica com o tradutor Vasco Gato (e quando está a escrever, pergunta-se se aquele verso será muito difícil de traduzir)? E o professor António Carlos Cortez, que também é poeta e crítico literário, acha que um texto traduzido vale tanto com o seu original (e de que forma a crítica literária é afectada pela distinção entre original e tradução)? E o romancista Rui Zink que, já agora, até ensina os outros a escrever (é um dos grandes impulsionadores dos cursos de escrita criativa em Portugal), como olha para o texto traduzido, nomeadamente o seu?



17:00H | Uma poesia sem qualidades

Programa Literário 30 novembro

Pavilhão de Portugal | Conversa

Convidados: Ana Luísa Amaral / Vasco Gato

Moderação: Silvia Castillero

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Quais devem ser as qualidades da poesia? É suposto a poesia ter determinadas qualidades? No início deste século foi publicada em Portugal a antologia Poetas sem qualidades, um manifesto em defesa do regresso ao real e ao quotidiano na poesia, com um ataque ao que se supõe ser um statu quo poético nacional, uma obra que permitiu, de resto, que se voltassem a assistir a polémicas literárias como o país já não via há muito. No universo literário português é a poesia que alimenta as mais belicosas e virulentas discussões. Cavam-se trincheiras, afiam-se manifestos e as editoras nascem e morrem de acordo com o resultado dessas batalhas, deserções e traições. Mas onde fica a poesia no meio de todas estas polémicas? O que fica deste empenho quase programático? Ou, por outro lado, a melhor poesia portuguesa continua a ser feita longe destes debates e questiúnculas?