Programa Literário 1 Dezembro
Pavilhão de Portugal | Entrevista |
Convidados: Germano Almeida
Moderação: Luis Armenta Malpica
(ver+)
Uma entrevista de vida a Germano Almeida, com registo informal.
Germano Almeida nasceu na Ilha da Boavista em 1945. Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Vive em S. Vicente, onde exerce a profissão de advogado.
Publica as primeiras Estórias na Revista Ponto & Vírgula, assinadas com o pseudónimo Romualdo Cruz. Estas estórias, depois de revistas e reescritas, às quais se acrescentaram algumas inéditas, foram publicadas em 1994 com o título A Ilha Fantástica, que, juntamente com A Família Trago, em 1998, recriam os anos de infância e o ambiente social e familiar na ilha da Boavista. Mas o primeiro romance publicado por Germano Almeida foi O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, em 1989, que marca a rutura, não só com os tradicionais temas cabo-verdianos da fome, da emigração, e do eterno dilema dos ilhéus, dilacerados entre o partir e o ficar, mas também com uma narrativa excessivamente descritiva, linear e sisuda.
O Meu Poeta (1990), Estórias de Dentro de Casa (1996), A Morte do Meu Poeta (1998) e As Memórias de um Espírito (2001) formam o que se pode considerar o ciclo mindelense da obra do autor. Em traços gerais, podemos dizer que o primeiro e segundo títulos retratam a vida pública e política de Mindelo, enquanto as Estórias nos remetem para a esfera do doméstico e as Memórias para a esfera da vida íntima. A ideia de ciclo é ainda reforçada pelo facto de muitas das personagens circularem com maior à-vontade por estes quatro livros.
O Dia das Calças Roladas (1992) e Os Dois Irmãos (1995) são estórias que têm por base episódios reais, no ambiente rural de Santo Antão e Santiago, respetivamente, e em que, na qualidade de advogado, tomou parte. Estóreas Contadas, de 1998, (55 crónicas selecionadas de entre as publicadas no jornal Público) e Dona Pura e os Camaradas de Abril, 1999, o mais pícaro dos seus romances, Viagem pela História das Ilhas, de 2003, o O Mar na Lajinha, 2004, EVA, 2006, completam a obra publicada pelo autor até o momento e todas os seus livros o título que desde sempre reclamou, o de contador de estórias. De facto, a presença ativa e manipuladora do narrador, é uma das características mais marcantes da sua escrita. Irónico e trocista, é capaz de manter o tom coloquial de quem conta uma estória, domina perfeitamente o tempo narrativo, mesmo quando os acontecimentos são contados do fim para o princípio em permanentes e inesperados saltos. Antecipa-se para nos surpreender, outras vezes recua para nos fornecer pormenores necessários à compreensão dos factos. Manipula a realidade e a ficção, como se de infindável jogo de espelhos se tratasse, fundindo, distorcendo, recriando.
Uma entrevista de vida a Germano Almeida, com registo informal.
Germano Almeida nasceu na Ilha da Boavista em 1945. Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Vive em S. Vicente, onde exerce a profissão de advogado.
Publica as primeiras Estórias na Revista Ponto & Vírgula, assinadas com o pseudónimo Romualdo Cruz. Estas estórias, depois de revistas e reescritas, às quais se acrescentaram algumas inéditas, foram publicadas em 1994 com o título A Ilha Fantástica, que, juntamente com A Família Trago, em 1998, recriam os anos de infância e o ambiente social e familiar na ilha da Boavista. Mas o primeiro romance publicado por Germano Almeida foi O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, em 1989, que marca a rutura, não só com os tradicionais temas cabo-verdianos da fome, da emigração, e do eterno dilema dos ilhéus, dilacerados entre o partir e o ficar, mas também com uma narrativa excessivamente descritiva, linear e sisuda.
O Meu Poeta (1990), Estórias de Dentro de Casa (1996), A Morte do Meu Poeta (1998) e As Memórias de um Espírito (2001) formam o que se pode considerar o ciclo mindelense da obra do autor. Em traços gerais, podemos dizer que o primeiro e segundo títulos retratam a vida pública e política de Mindelo, enquanto as Estórias nos remetem para a esfera do doméstico e as Memórias para a esfera da vida íntima. A ideia de ciclo é ainda reforçada pelo facto de muitas das personagens circularem com maior à-vontade por estes quatro livros.
O Dia das Calças Roladas (1992) e Os Dois Irmãos (1995) são estórias que têm por base episódios reais, no ambiente rural de Santo Antão e Santiago, respetivamente, e em que, na qualidade de advogado, tomou parte. Estóreas Contadas, de 1998, (55 crónicas selecionadas de entre as publicadas no jornal Público) e Dona Pura e os Camaradas de Abril, 1999, o mais pícaro dos seus romances, Viagem pela História das Ilhas, de 2003, o O Mar na Lajinha, 2004, EVA, 2006, completam a obra publicada pelo autor até o momento e todas os seus livros o título que desde sempre reclamou, o de contador de estórias. De facto, a presença ativa e manipuladora do narrador, é uma das características mais marcantes da sua escrita. Irónico e trocista, é capaz de manter o tom coloquial de quem conta uma estória, domina perfeitamente o tempo narrativo, mesmo quando os acontecimentos são contados do fim para o princípio em permanentes e inesperados saltos. Antecipa-se para nos surpreender, outras vezes recua para nos fornecer pormenores necessários à compreensão dos factos. Manipula a realidade e a ficção, como se de infindável jogo de espelhos se tratasse, fundindo, distorcendo, recriando.