© Direitos Reservados

Filipa Leal

BIO (3.ª pessoa)

Filipa Leal nasceu no Porto (Portugal) em 1979. É poeta, jornalista e argumentista. Formada em Jornalismo pela Universidade de Westminter (Londres), é Mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Faculdade de Letras do Porto. Trabalhou em rádio, imprensa e televisão. Publicou o seu primeiro livro, lua-polaroid, em 2003, a que se seguiram oito títulos de poesia, entre os quais A Cidade Líquida, O Problema de Ser Norte, A Inexistência de Eva, Vale Formoso (ed. Deriva), Adília Lopes Lopes (não-edições) ou o mais recente Vem à Quinta-feira (2016, ed. Assírio & Alvim). Tem poemas traduzidos em Itália, Croácia, Alemanha ou Venezuela. O seu livro A Cidade Líquida foi publicado em Espanha, em edição bilingue, pela editorial Sequitur. Em 2016, a editora colombiana Tragaluz publicou a primeira antologia que reúne poemas de toda a sua obra (selecção e tradução de Pedro Rapoula e Jerónimo Pizarro), no livro En los días tristes no se habla de aves. Em 2014, escreveu a sua primeira longa-metragem de cinema, realizada por Patrícia Sequeira: Jogo de Damas. Recebeu o prémio Golden Aphrodite de Melhor Guião no Festival de Cinema do Chipre (2016) e o Prémio de Melhor Guião no International Monthly Film Festival de Copenhaga (2017).

Em 2007, o jornal Expresso colocou-a entre as 27 novas promessas portuguesas, e em 2010, na lista de 10 talentos para a próxima década. Em 2010, teve um dos seus poemas exposto no Metro de Varsóvia, na iniciativa «Poems on the Underground». Em 2012 e 2014, representou Portugal em Berlim — no Festival de Poesia e na Conferência dos Escritores Europeus 2014 / Long Night of European Literature, no âmbito da qual fez uma leitura dos seus poemas no Deutsches Theater. Em 2016, a British Library, em Londres, exibe uma instalação sonora de poesia, com poemas de 30 autores europeus, entre os quais Filipa Leal. Autora e argumentista da série Mulheres Assim, emitida na RTP1 (2016-2017). Atualmente, colabora com o programa semanal Literatura Aqui, da RTP2, para o qual faz, com Pedro Lamares, a seleção de textos literários e leituras. Literatura Aqui recebeu o Prémio SPA para Melhor Programa de Entretenimento 2017.

BIO (1.ª pessoa)

Quando eu era pequenina queria ser cientista, ou palhaço. Tinha, como se calcula, a mania das grandezas. O primeiro poema que escrevi não era um poema. Era uma folha de Outono que apanhei do chão e que pedi à minha avó Isabel para enviar para uma tia dela muito querida que vivia em Lisboa, a tia Zélia. Esta é das poucas histórias que me contaram da minha infância, por isso imagino que tenha sido uma criança bastante discreta. Lembro-me de brincar sozinha muitas vezes, é certo, mas tenho pensado se não seria já este meu lado de querer controlar tudo — assim, quem mandava na brincadeira era eu.

O meu pai esteve dois anos na guerra, na Guiné. Um dia contou-me que na camarata onde dormia havia uma frase que nunca esqueceu. Dizia: «Devemos ousar». Como também eu queria ousar, fui para Londres estudar Jornalismo, onde vivi três anos. Lá aprendi a amar melhor a família, a estar um pouco mais calada, e a dizer «Olá, eu sou a Filipa» em japonês. Especializei-me em imprensa, apaixonei-me por rádio e odiei televisão. A minha mãe também costumava citar uma frase que nunca esquecerei: «A vida é aquilo que acontece enquanto nós fazemos outros planos». Como se calcula, acabei a trabalhar em televisão.

Tenho um defeito de rotação no rim esquerdo, e também no direito, embora mais ligeiro. Tenho outros defeitos, mas nenhum deles de nome tão pomposo. O resto são pormenores: chamo-me Filipa Leal, tenho 39 anos, e publiquei alguns livros de poesia.

Ver nome do convidado na programação

18:00H | Leitura por Filipa Leal

Programa Literário Dia 29 novembro

Pavilhão de Portugal | Leitura |

Convidados: Filipa Leal

(ver+)
A força de um texto na respiração, tempo e voz de Filipa Leal.
Quando eu era pequenina queria ser cientista, ou palhaço. Tinha, como se calcula, a mania das grandezas. O primeiro poema que escrevi não era um poema. Era uma folha de Outono que apanhei do chão e que pedi à minha avó Isabel para enviar para uma tia dela muito querida que vivia em Lisboa, a tia Zélia. Esta é das poucas histórias que me contaram da minha infância, por isso imagino que tenha sido uma criança bastante discreta. Lembro-me de brincar sozinha muitas vezes, é certo, mas tenho pensado se não seria já este meu lado de querer controlar tudo — assim, quem mandava na brincadeira era eu.
O meu pai esteve dois anos na guerra, na Guiné. Um dia contou-me que na camarata onde dormia havia uma frase que nunca esqueceu. Dizia: «Devemos ousar». Como também eu queria ousar, fui para Londres estudar Jornalismo, onde vivi três anos. Lá aprendi a amar melhor a família, a estar um pouco mais calada, e a dizer «Olá, eu sou a Filipa» em japonês. Especializei-me em imprensa, apaixonei-me por rádio e odiei televisão. A minha mãe também costumava citar uma frase que nunca esquecerei: «A vida é aquilo que acontece enquanto nós fazemos outros planos». Como se calcula, acabei a trabalhar em televisão.
Tenho um defeito de rotação no rim esquerdo, e também no direito, embora mais ligeiro. Tenho outros defeitos, mas nenhum deles de nome tão pomposo. O resto são pormenores: chamo-me Filipa Leal, tenho 39 anos, e publiquei alguns livros de poesia.