Ondjaki
BIO (3.ª pessoa)
Ondjaki nasceu em Luanda (Angola) em 1977. Fez os estudos em Luanda, Beijing e depois em Lisboa, onde se licenciou em Sociologia pelo ISCTE (Portugal). Fez o doutoramento em Estudos Africanos (L’Orientale, Napoli/Itália). Prosador e poeta, é membro da União dos Escritores Angolanos. Escreveu, coproduziu e correalizou o filme Oxalá cresçam pitangas — estórias de Luanda (2006), escreveu o musical A voz e a vez do Bairro Operário (2007). Com o músico Marcello Magdaleno (Brasil), fundou o grupo performativo Sobre o Mar, onde a música, o teatro a literatura e a videoarte se encontram para celebrar as margens da Língua Portuguesa.
Viveu em Lisboa durante alguns anos, nomeadamente na década de 1990. Logo após terminar o curso, esqueceu-se do que tinha aprendido em Sociologia. Viajou pela Itália e morou durante 3 dias nas margens do lago de Como. Ainda no mesmo ano, morou por três semanas em Florença. Só anos mais tarde chegaria a Napoli, para fazer um Doutoramento sobre um fenómeno oral de Angola chamado «Estigas». Enquanto a Universidade de Napoli lhe outorgava o grau de doutorado, em Luanda os amigos celebravam espantados o interesse dos italianos por um comportamento social, ou um jogo que, em Luanda, era atribuído às crianças. Descobriu em Napoli a melhor piza do mundo.
Viveu no Rio de Janeiro entre 2008 e 2016, tendo ficado profundamente desiludido com o seguimento dos acontecimentos sociais e políticos do Brasil. Vive em Luanda, capital de Angola, onde finalmente (pelo menos até ao momento) conseguiu deixar de fumar.
Recebeu os prémios Sagrada Esperança (Angola, 2004); Conto — A.P.E. (Portugal, 2007); Grinzane Young African Writer (Itália/Etiópia, 2008); FNLIJ (Brasil, 2010); JABUTI (Brasil, 2010); Prémio José Saramago (Portugal, 2013). Está traduzido para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, sueco e grego. Escreve crónicas para jornais (Angola, Portugal) e, ocasionalmente, é professor de escrita criativa.
Publicou, entre outros, Bom dia camaradas (romance, 2001); Momentos de Aqui (contos, 2001); Há prendisajens com o xão (poesia, 2002); Quantas Madrugadas Tem a Noite (romance, 2004); Ynari: a menina das cinco tranças (infantil, 2004); Os da minha rua (estórias, 2007), AvóDezanove e o segredo do soviético (romance, 2008), Os transparentes (romance, 2012), Sonhos azuis pelas esquinas (contos, 2014), O convidador de pirilampos (juvenil, 2017) e Há gente em casa (poesia, 2018).
BIO (1.ª pessoa)
Nasci (em 1977) e cresci cercado de estórias. No segundo dia da segunda semana do segundo ano após a independência do meu país, desisti de ir à creche. Chorava tanto, que as outras mães pediram a minha expulsão. Passei a primeira infância na casa da Tia Rosa, e do Tio Chico, personagens que viriam a ser marcantes em alguns dos meus livros. Se me perguntam, digo que sou prosador e poeta; sonhador, andarilho.
Prefiro escrever contos. Passei alguns anos na companhia da minha avó materna, Agnette, que me foi ensinando a lidar com o tempo e o espaço. Falávamos durante a madrugada. Pela manhã, ao acordar, trocávamos informações sobre o que nos tinham contado os sonhos. Quando li Cem anos de solidão entendi que realismo mágico era o nome do quotidiano que vivíamos no continente africano.
Fui obrigado (pelo Anão de Budapeste…) a ser membro honorário da Associação de Poetas Húngaros. Anos antes, tinha escrito cartas aos escritores Luandino Vieira e Manoel de Barros. Ambos responderam. Isso compensou o facto de não ter ido visitar Eugene Ionescu antes de ele falecer.
Gosto de praticar taiji. De conhecer crianças e velhos. E de assobiar (mas a minha irmã mais velha não gosta que eu assobie perto dela).
Ver nome do convidado na programação
Programa Fil Niños Dia 25 novembro (ver+) Programa Literário Dia 25 novembro (ver+) 12:00H | O Telhado do Mundo
Fil Niños | Espectáculo |
Convidados: António Jorge Gonçalves, Ondjaki, Filipe Raposo
Literatura, música e desenho improvisados em tempo real. Este espetáculo é o encontro de três linguagens que se entrelaçam para nos contar uma estória.
Construção em tempo real de uma narrativa desdobrada em 3 dimensões — escrita, desenhada e tocada — seguindo uma estrutura prévia mas aberta a todas as ocorrências no seu desenrolar. Jogo de tema e variação, contraponto e cumplicidade.
Uma reunião de três criadores premiados, e só a título de exemplo, Ondjaki foi vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2013, com Os Transparentes; Filipe Raposo recebeu o Prémio Fundação
Amália Rodrigues para o seu primeiro disco First Falls; e António Jorge Gonçalves, Prémio Nacional de Ilustração 2014 com o livro Uma Escuridão Bonita.
O espetáculo estreou no FOLIO — Festival Literário Internacional de Óbidos (2015) e no São Luiz Teatro Municipal (Lisboa).
19:30H | O Mundo depois de Saramago
Pavilhão de Portugal | Conversa
Convidados: Gonçalo M. Tavares / Ondjaki / Pilar del Rio
Moderação:
Vinte anos volvidos sobre a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, olhemos para a vida e obra de um dos mais talentosos escritores de língua portuguesa de sempre. José Saramago é um construtor de parábolas do seu e do nosso tempo, um inquietador de consciências que nos alertou para vários dos problemas da sociedade contemporânea através dos seus romances: a desagregação da Europa, na Jangada de pedra; as catedrais do consumismo, na Caverna; o enfraquecimento da democracia, no Ensaio sobre a lucidez, entre muitos outros. Nunca se mostrou alheado do mundo que o rodeava e manteve uma participação cívica muito ativa e interventiva. O seu legado e património são agora cuidados pela Fundação José Saramago (FJS), um espaço de literatura e ideias. Sob condução de Pilar del Rio, a FJS tem-se afirmado como um dos pólos mais importantes da cultura portuguesa contemporânea, seja através das suas exposições, conferências, debates ou da revista digital, Blimunda.