Programa Artes Cénicas Dia 01 dezembro
Instituto Cultural Cabañas (Claustro) | Teatro
Convidados: Cassefaz / Miguel Abreu / João Grosso / Pedro Barbeitos / Pedro Costa
Consentim(i)ento — A perda do paraíso é um «manifesto» escrito a partir de excertos de vários sermões de Padre António Vieira e da obra de Frei Bartolomé de Las Casas, Brevíssima Relação da Destruição das Índias. O conjunto destes fragmentos selecionados revelou-nos um texto muito atual: um «manifesto» do século XXI, contra a malvadez do ser humano. Ainda que separados no tempo por mais de 130 anos (Frei Bartolomé de Las Casas é um homem do séc. XVI e Vieira um homem do séc. XVII), a verdade é que em ambos os autores assistimos à descrição da opressão, a maioria das vezes brutal e sanguinária, exercida pelos espanhóis, e pelos portugueses, sobre os indígenas das diversas terras ocupadas no continente americano. Sendo ambos os autores, na época, vozes contra essas formas de opressão e de exploração, são ainda hoje denúncias incómodas dos nossos racismos e discriminações contemporâneas.
Cassefaz
Primeira produtora cultural independente criada em Portugal, em 1987, a CASSEFAZ tem sido responsável por um conjunto de projetos artísticos, estruturais e de conceptualização na área da produção cultural em geral e do teatro em particular. Responsável e corresponsável pela criação de estruturas como CENTA, Fórum Dança, Centro Internacional de Teatro ou Academia de Produtores Culturais. Simultaneamente foi produzindo dezenas de espetáculos de teatro que refletem preocupações estéticas e ideológicas de diversos artistas e públicos. No que a textos de autores eruditos diz respeito, a Cassefaz apresentou, de Gil Vicente, Auto da Sibila Cassandra e As Barcas-Viagens de Vida e de Morte; de Shakespeare, As Alegres Comadres; de Racine, Fedra; de Molière, O Misantropo e O Burguês Fidalgo; de Eça de Queiroz, A Relíquia; de Padre António Vieira, Paiaçú; de Pêro Vaz de Caminha, Cartas do Novo Mundo.
Miguel Abreu
Estreou-se como ator em 1984 na peça Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros, com encenação de Fernanda Lapa, na Fundação Calouste Gulbenkian. Cria a produtora cultural Cassefaz em 1987 e, até à data, colaborou como ator, encenador ou produtor em mais de 130 espetáculos, festivais e eventos culturais, em Portugal e no estrangeiro. Foi Diretor do Maria Matos — Teatro Municipal e programador de teatro do Centro Cultural de Belém e de Faro 2005 — Capital Nacional de Cultura. Em 1999 é eleito presidente da Academia de Produtores Culturais, função que mantém até hoje, e desde 2009 dirige o TODOS — Caminhada de Culturas, o festival intercultural de Lisboa. Atualmente tem em cena três espetáculos com encenação sua sobre as questões do colonialismo português, o racismo e o convívio intercultural: Paiaçú, Cartas do Novo Mundo e Fragmentos do Fim.
João Grosso
João Grosso integra o elenco do Teatro Nacional D. Maria II, onde foi diretor artístico entre 2001 e 2003. São de salientar os seus desempenhos em Fausto, Fernando, Fragmentos, a partir de Fernando Pessoa, Barcas e Serviço d’Amores, de Gil Vicente, Berenice, de Racine, Medeia, de Eurípedes e Orgia, de Pasolini, desempenho que lhe valeu um Globo de Ouro para melhor ator em 2005.
Em 1987 interpretou pela primeira vez Ode Marítima de Fernando Pessoa, poema a que regressou em junho de 2012, com espetáculos no Teatro Nacional D. Maria II. Desde 2012 colabora também regularmente com a Cassefaz, nomeadamente no espetáculo Paiaçú, um sermão de sermões de Padre António Vieira.
Pedro Barbeitos
Nasceu em 1978. Em 1998 foi-lhe atribuída uma bolsa no Centro em Movimento, que terminou em 2000. Neste mesmo ano, realizou o estágio Meetings on Performance and Performance Composition, com Peter Hulton. Em 2001, começou uma nova etapa com a licenciatura em Teatro/Formação de Atores da Escola Superior de Teatro e Cinema.
Estreou-se em 2000, destacando o trabalho com o Teatro Meridional, Escola de Mulheres e a Gato que Ladra e sob a direção, entre outros, de Cláudia Negrão, Joana Furtado, José Mateus, Francisco Salgado, Marco d’Almeida, Manuel Coelho, Natália Luiza, Pedro Alvarez-Osorio e Rute Rocha.
Trabalha em televisão e cinema desde 2002 e ainda dá voz a várias marcas em Portugal e Angola.
Em 2003, iniciou a aventura da Gato Que Ladra, Associação Cultural, que cofundou e dirige até à data.
Pedro Costa
Nasceu em 1983. É técnico de som, sonoplasta e desenhador de som.
Tem formação em som (Restart), sound system design and optimization (Meyer Sound Labs) e direção técnica para salas de espetáculo (Culturgest).
Em 2007 integra a equipa de som do Teatro Nacional D. Maria II, onde exerce atividade até à data.
Dos seus últimos trabalhos destaca Ricardo III, direção Tónan Quito (Globo de Ouro — espetáculo de Teatro e Prémio SPA — ator), e Sopro, de Tiago Rodrigues, com estreia no Festival d´Avignon 2017.